... sua balança comercial vai viver em déficit - porque você vai ter de importar muito do que consome. Pra sustentar esse déficit, você vai precisar se endividar mais. E essa dívida vai crescer, e crescer, e crescer até que passe a erodir a confiança na sua própria moeda.

Não existe um limite “formal” até o qual uma dívida soberana pode chegar. NÃO TEM TETO. Mas a “LEI DE FERGUSON” propõe um ponto de inflexão: Quando o pagamento dos juros da dívida supera gastos com Defesa, um império não tem mais muito tempo de vida.

Isso aconteceu nos EUA em maio/24. A derrocada da confiança no dólar vem daí; além da armamentização da moeda. Em mar/2022, os EUA coordenaram o congelamento de U$300B em reservas russas🇷🇺 Em abril, a China começou a reduzir rapidamente sua exposição à títulos do Tesouro 🇺🇸📉

Trump herdou um império em início de desintegração. Ele sabe que a moeda americana tem duas sucessoras possíveis: a da China, e a da Internet. E ele já deixou bem clara a sua preferência.

Hoje, ~60% das reservas internacionais estão denominadas em dólares. Uns 20% em ouro. Menos de 0.01% em Bitcoin. Se o percentual do dólar tende a cair, o que deve subir? Por qual reserva de valor os soberanos vão, aos poucos, trocar os seus Treasuries?

Voltemos ao Trump. Ele tem UMA grande meta econômica pra 2025: Reduzir os juros de longo prazo. Sua equipe já declarou explicitamente, várias vezes. É bom pro presidente, cuja fortuna está em imóveis (de preço sensível a essa taxa). Mas, mais do que isso, é VITAL pro país 🇺🇸

Os EUA precisarão refinanciar 3/4 da sua dívida durante o atual mandato presidencial. PRESTA ATENÇÃO: os EUA devem ~U$ 36 trilhões. 🔥 28 trilhões vencem nos próximos 4 anos ⏳ Só que a taxa média de juros da dívida, hoje, é de 3.3%. Enquanto os juros atuais estão acima de 4%!

OS JUROS PRECISAM CAIR. Custe o que custar. No curto prazo, a implementação abrupta das tarifas derruba os mercados domésticos, piora indicadores econômicos de crescimento, e cria contexto para que o FED reduza a taxa básica. Tarifas aumentam a arrecadação, complementando cortes de custos (DOGE). Os mercados de crédito tem comprado a ideia da melhora fiscal, os juros do 10y estão caindo.

Essa não é uma defesa da política tarifária anunciada ontem. Nossa opinião é a de que Trump subestima impactos inflacionários de curto prazo. Mas ele tem ~1 ano de maioria nas duas casas, antes das "midterms". Até quando ele pode se dar ao luxo de "dar de ombros" para o S&P?

Juros menores + reindustrialização + uma sobrevida para o USD: o 3º componente do plano econômico, pasmem, é o BTC. Os EUA só conseguirão pagar a dívida SEM LEVAR O DÓLAR A ZERO se comprarem algum ativo que cresça MUITO mais rápido que a dívida, e possa ser "pago" aos credores

O projeto de lei do "BITCOIN ACT" planeja comprar U$ 100-200 B em BTC. Catalisar a transição para um novo padrão monetário. E usar as moedas pra quitar parte da dívida soberana*. (*presumindo que o ativo supere a capitalização do ouro em algumas vezes)

Como se Tio Sam “passasse o bastão” graciosamente para a próxima reserva de valor global... oferecendo justificativa para seus credores continuarem sustentando o dólar pelas próximas décadas. É uma estratégia arriscada e controversa. Mas, se o homem laranja não empreitá-la...

... governantes em outros cantos o farão. Assim, pelo menos, Trump tem a chance de "controlar o declínio".

A "grande desdolarização" precisa ser cautelosa, planejada. Porque perder o dólar pode pode significar perder o país. Esquerda e direita não têm mais quase nada em comum, além da união econômica. SÓ 4% dos CASAMENTOS nos 🇺🇸 são ENTRE democratas e republicanos. Não tem mistura.

Eles não votam igual, não consomem as mesmas notícias, não usam as mesmas redes sociais, e mal se misturam geneticamente. A única coisa que ainda fazem é comerciar entre si😅 Se o império ruir, essas tribos não vão se juntar pra reconstruir... vão é culpar uma à outra!😤

O futuro distante é uma grande incógnita. Como @balajis sugere: Pode-se ter um cenário como o da Europa Oriental pós-Iugoslávia, onde “países separados" "recomeçam do zero”. Pode-se ter um cenário como ÍndiaXPaquistão, 2 soberanos mantendo uma fronteira em eterno conflito...

Pode-se ter um cenário tipo Mad Max, com a formação de unidades menores, mais localizadas, de poder... Ou pode ser que, ironicamente, a união em torno do Bitcoin acabe ajudando a salvar a América.