Algumas questões e até logo
Acabo de passar dias incríveis em terras estadunidenses. Sim, o tal “comunista”, “anti-liberdade”, “defensor de Cuba”, ou o que mais você quiser acreditar para sua vida ter mais sentido, dentro de um universo de inimigos criados por gurus e coachs de pensamento que sobrevivem do seu voto ou do seu dinheiro.
Fui convidado aos EUA por uma das mais prestigiadas instituições de saúde mental infantil do mundo, a Child Mind Institute, onde pude palestrar e compartilhar conhecimentos de comunicação digital para jovens e os perigos e oportunidades existentes nesse meio. Também apresentei o Instituto Felipe Neto e o que estamos construindo no Brasil. Por fim, lançamos juntos um concurso para jovens brasileiros apresentarem ideias que melhorem o ambiente digital (está no meu insta e do IFN, corre lá).
Aproveitei a viagem para ir com minha namorada e amigos curtir um pouco a Disney, que nunca escondi ser um dos meus lugares favoritos e que não visitava há vários anos.
Reparem bem, ao contrário do que dizem esses neofascistas digitais, é cristalino que não sou o que se pode considerar “comunista”, mas um progressista em processo de aprendizado, formação e evolução, tentando todos os dias entender melhor o mundo em que vive. Entender esse mundo é entender suas mazelas e qual pode ser o meu papel nele para ajudar a diminuí-las. Aliás, olha só, esse tal mundo em que vivemos é este: o capitalista.
Eu vivo num país capitalista, estou inserido numa sociedade e economia capitalistas e posso viajar para onde quiser, pois não tenho qualquer condenação criminal e não uso tornozeleira.
Extremistas, entendam: Trump e Bolsonaro não são o capitalismo. Eles representam a sua pior face.
O fato de ter críticas contundentes ao Trump não tem qualquer ligação com visitar os EUA. Imagine só poder pisar em um país se você for admirador do atual presidente em vigor. Seguindo essa lógica, quase todos os que me atacam deveriam então abandonar o Brasil.
Curiosamente, quem propaga essa visão excludente e proibitiva são exatamente os que gritam defender a tal “liberdade”. Imagine se Biden ou Obama perseguissem conservadores e retirassem seus vistos, deportassem suas famílias, ao mesmo tempo em que usuários progressistas nas redes sociais ficassem denunciando cada conservador, suas localizações e pedindo para que fossem expulsos. Quem recebe educação básica jamais defenderá isso, pois sabe que um presidente não é dono do seu país. E nem das joias que recebe de presente como Chefe de Estado.
Falando em educação, gostaria de dizer que não poderia ter sido melhor recebido pelas pessoas por todos os lugares por onde passei, tanto na Flórida quanto em Nova York. Receber o carinho de vocês é sempre extraordinário. E tirando um único covarde que esperou estar longe para gritar “aproveitando o capitalismo, né?” em um parque, ao que foi completamente ignorado, todas as demais interações foram incríveis e carinhosas.
Vou continuar viajando para onde bem entender e usufruindo do sistema econômico no qual estou inserido. Isso se chama “vida real”. Vivo o capitalismo no Brasil, sou financeiramente bem sucedido nele e isso não me impedirá de lutar contra seus profundos problemas, principalmente sua grotesca desigualdade social. Desigualdade essa que não está nas bolsas de grife e viagens de primeira classe, mas no fato de menos de 10 bilionários no Brasil acumularem aproximadamente a mesma fortuna dos 100 milhões de brasileiros mais pobres somados.
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